sábado, 4 de julho de 2015

Como ser roubado em Paris em 10 passos

Ciao, coleguinhas,

andei meio afastado do blog simplesmente porque a mudança para a Itália virou minha vida de cabeça para baixo e muita coisa voltou do zero, tive que reorganizar minha vida para me adaptar a nova vida de morador (não mais de turista) aqui na velha bota, mas okay, isso é assunto para um próximo post.

Visto na última desventura eu falei sobre minha experiência com a cidade de Amsterdão, então, seguimos direto de A'dam para Paris. Aqui eu narro um dos PIORES EPISÓDIOS que já me aconteceram ao longo desse mundão.

Estávamos nós, eu e família, desembarcando na Cidade Luz (Paris-Paris, a cidade dos românticos, Uh-la-la!) vindos num trem da Thallys, até que... Quando eu fui pegar minha mochila de viagem: "Cadê minha mochila?"


Por alguns segundos minha vida e perspectiva de futuro se embaralharam de um jeito que eu não conseguia expressar qualquer reação...

fó+del

Não estamos falando de uma companhia aérea o qual você deixou sua mala e a viu rolar pela esteira e sabe que, se ela não chegar, eles vão rastrear e lhe entregar no hotel. Só que no trem o paranauê não ocorre dessa forma. Você deixa sua mala solta e você é o único responsável por ela.

Vamos lá! Chorar não adiantaria, então eu, depois desses 3 segundos o qual rolou uma tela azul na minha mente, saí do trem correndo, observando as malas de todos que também deixaram o trem para tentar - numa esperança mínima - encontrar alguém que a tenha pegado por engano. Nem sucesso e com o cérebro a mil, ocorreu-me de ir perguntar a algum funcionário sobre o que aconteceria se minha mala fosse removida do trem?

Eles, para foder com a situação, sequer falavam inglês, e eu, sabia só o francês turístico - je ne parle pas français! Contudo, o pouco que a gente conseguia se comunicar, eles me diziam frios que "eu tinha sido roubado", como se "ser roubado na Estação Central de París" fosse a coisa mais normal do Reino Franco.



Pois bem. Aceitando a realidade de ter sido mais um dos furtados da Estação Central (que não era a de São Paulo) voltei ao trem, numa esperança mínima de tentar encontrar minha mala perdida por ali, mas nada - sem sucesso. Até que vi um grupo de comissários de bordo conversando e me aproximei para tentar qualquer opção que fosse, até mesmo pedir um parecer da empresa. Dentre os comissários, apenas um falava inglês. Expliquei o que havia acontecido e ela retrucou que "em casos de roubo você deve ir para a polícia" (sim, ela também considerava que roubo era supernormal ali), contudo, fiz-me de latino e confessei que era inacreditável que, na primeira vez o qual visito Paris, acontece-me um infortúnio desses. Então, ela, comovida, diz-me para ir ao "achados e perdidos" registrar ocorrência, pois poderia ser (numa possibilidade bem remota) que alguém tivesse tirado a mala, percebido que não era a sua e não devolveu, largando-a em qualquer canto (para ser furtada).

E lá fui eu ao "achados e perdidos" para registrar uma ocorrência. Porém, chegando lá, o cabra que atendia não falava inglês e me demonstrava uma cara de pouco-caso para a minha situação. Insistia em falar tudo em francês sem ao menos reduzir a velocidade. 



Até que me acalmei para pensar no que fazer e como vencer a barreira "do idioma" entre mim e ele. Então recomecei em francês, aquela apresentação que aprendi no curso ("me chamo Elton, sou brasileiro e estou viajando de férias pela Europa").

Contudo, quando eu disse, em francês, que era brasileiro, ele me remeteu o pedido para ver meu passaporte, o qual puxei do bolso e mostrei. Após mostrar o passaporte brasileiro uma mágica aconteceu, ele até que sabia falar algum inglês e o francês surgia apenas no sotaque e em algum vocabulário o qual eu conseguia perceber o que era.

Não cri que o atendente estava fazendo pouco de mim porque pensava que eu era um dos vários norte-africanos que a França anda recebendo com racismo e xenofobia. Bem-vindo à Paris! Naquele ponto eu já não queria discutir mais anda, pensava em registrar a ocorrência e pensar depois no que fazer, como se diz em francês "c'est la vie".

Porém, quando estava pronto para ir embora, a tal comissária da Thalys desce as escadarias arrastando a minha mala no chão. Nossa! Nem que eu tivesse ganhado na Mega Sena.


A mochila pode aguardar. A primeira coisa que fiz foi dar um abraço caloroso na comissária de bordo. Então, entre sorrisos, ela me disse que alguém tinha tirado, percebeu que não era a sua, e devolveu para o trem. Enquanto eu colocava a mala nas costas e sorria reluzente, ela, em francês, mandou darem baixa na ocorrência.

Apesar da resolução do caso, o susto ficou e a Cidade de Pais, aos meus olhos, passou a ser iluminada pela Celpe. Esse acontecimento foi o suficiente para rasgar o manto do deslumbre que cobre tudo sobre a cidade de Pais. 

Sem esse manto, vi todas as belezas que todos veem, mas também consegui ver a quantidade de mendigos, a desorganização dos centros comerciais com os árabes invadido as calçadas para vender camisas, a precariedade das carroças de metrô, os engarrafamentos e principalmente, a criminalidade que tem o turista como foco.

Então, coleguinha, quando você for conhecer Paris. Atenção com seus pertences.